Reumo
O artigo tem como objetivo analisar a Licença Social para Operar (LSO) no contexto da exploração de lítio pela Sigma Lithium no Vale do Jequitinhonha, destacando as interações entre a empresa e as comunidades locais. A LSO, um conceito que vai além das aprovações legais, representa a aceitação social das operações mineradoras e é essencial para assegurar que as atividades sejam realizadas de maneira responsável e sustentável. No referencial teórico, o artigo aborda o conceito de LSO, que emergiu na indústria mineradora no final dos anos 1990, refletindo a necessidade de gestão de riscos políticos e sociais. A LSO é descrita pela Pirâmide da LSO de Thomson e Boutilier, que inclui quatro níveis: obtenção, aceitação, aprovação e identificação psicológica. Estes níveis são delimitados por legitimidade, credibilidade e confiança. O conceito é visto como um componente crucial da responsabilidade corporativa, apesar de algumas críticas quanto à sua eficácia e possíveis práticas de greenwashing. A metodologia utilizada é qualitativa, com análise temática das postagens do Instagram da Sigma Lithium. Foram selecionadas 14 postagens relacionadas aos projetos sociais da empresa, das quais 11 foram analisadas devido à repetição de informações. A análise visou entender como as iniciativas da Sigma são percebidas pela comunidade e quais críticas elas enfrentam. Os resultados indicam que, embora a Sigma Lithium tenha implementado diversos projetos sociais focando em educação ambiental, esporte, cultura e empoderamento feminino, a percepção das comunidades é mista. Há elogios por alguns progressos, mas também críticas significativas de que as ações são vistas como superficiais e focadas em relações públicas, com acusações de greenwashing. As comunidades frequentemente veem as iniciativas como meramente simbólicas, sem um impacto real. As principais conclusões do estudo ressaltam a necessidade de um diálogo mais inclusivo e transparente entre a Sigma Lithium e as comunidades locais para garantir uma LSO duradoura. As iniciativas sociais da empresa devem ser mais do que ações de fachada e precisam abordar de forma genuína as preocupações comunitárias, demonstrando compromisso real com a sustentabilidade e a construção de confiança. A pesquisa contribui ao destacar a importância da LSO como um mecanismo de legitimação social essencial, demandando um comprometimento verdadeiro das empresas com as comunidades afetadas. Além disso, sugere que futuras pesquisas devam incluir dados primários, como entrevistas, para uma compreensão mais profunda das interações entre comunidade e empresa, analisando como as expectativas e preocupações das comunidades se equilibram com as iniciativas empresariais na exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha.