Reumo
Em 2023, o International Sustainability Standards Board (ISSB) emitiu as primeiras normas com orientações para a elaboração de relatórios de sustentabilidade conhecidas como IFRS S1 e IFRS S2, tendo essa última como foco o clima. Neste mesmo ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou a Resolução de nº 193, que permite, de forma voluntária, para companhias abertas, fundos de investimento e companhias securitizadoras, a elaboração e divulgação de um relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade com base no padrão internacional (IFRS S1 e S2) e emitido pelo ISSB. Sob esse contexto, o conceito de ESG (environmental, social e governance) é um conjunto bastante amplo de questões, desde a pegada de carbono até as práticas trabalhistas e de corrupção, que justificam a criação de critérios e práticas que direcionam o papel e a responsabilidade dos negócios em direção aos fatores ambientais, sociais e de governança corporativa (Irigaray; Stocker, 2022). Assim, o presente estudo tem como objetivo geral analisar o índice de aderência às normas internacionais de sustentabilidade pelas companhias listadas no ISE B3 e sua possível relação com o desempenho. Para tanto, foram definidos os seguintes objetivos específicos: (i) caracterizar as empresas listadas no ISE B3; (ii) mensurar o índice de aderência das normas internacionais de sustentabilidade; e (iii) analisar o desempenho organizacional das companhias. Para atingir os objetivos, inicialmente foi realizado um estudo bibliográfico sobre o ESG, sobre as normas de contabilidade internacionais (IFRS S1 e IFRS S2) e nacionais (Resolução CVM Nº 193), e sobre estudos empíricos anteriores relacionados ao tema a fim de elaborar checklist para coleta de dados secundários nas companhias brasileiras listadas na carteira de sustentabilidade (ISE B3). Em seguida, por meio de uma pesquisa documental, descritiva e mista, com o auxílio dos relatórios integrados de 78 empresas listadas no ISE B3, divulgados até 31 de março de 2024, foi realizada uma análise dos 1.794 dados coletados, considerando os objetivos da pesquisa. Os resultados indicam que a maioria das empresas da amostra estão concentradas na região sudeste do país, com 82,05 % atuando no setor de Consumo Cíclico (20,51 %) e com uma faixa etária entre 51 e 75 anos (30,77 %). Quanto à aderência as normas, as empresas já seguem algumas diretrizes de sustentabilidades destacadas em seus relatórios integrados, como SASB, GRI e TCDF e, também, já indicam suas metas relacionadas a ESG. Além dessas diretrizes, fica claro em seus relatórios quais são as ODS que essas empresas estão empenhadas a se destacar. Quando se fala das normas IFRS S1 e IFRS S2, as empresas já apresentam uma certa aderência, devido a semelhança de algumas diretrizes com as normas, pode ser citada, como exemplo, a semelhança da diretriz de TCFD com a norma IFRS S2. O desempenho das empresas listadas no ISE B3, considerando lucro e ROE, revelou-se bastante positivo na análise realizada. Conclui-se, assim, que as empresas estudadas vêm atendendo de forma gradativa às normas IFRS S1 e IFRS S2, o que contribui para uma maior transparência de informações em seus relatórios integrados. Ao mensurar o índice de aderência às IFRS S1 e S2, esta pesquisa fornece contribuições gerenciais, permitindo que as empresas verifiquem sua conformidade com os padrões globais, além de promover o benchmarking, permitindo a comparação das práticas sustentáveis e desempenho entre as empresas. Socialmente, a conformidade com essas normas evidencia o compromisso das empresas com a sustentabilidade, em prol do desenvolvimento sustentável através de práticas empresariais que respeitam os limites ambientais e sociais. Por fim, entende-se que o presente estudo atendeu a seu questionamento central, com a aderência dos relatórios integrados das empresas em relação as normas contábeis de sustentabilidade IFRS S1 e IFRS S2, através da mensuração de um índice de aderência, conforme as evidências encontradas. Vale ressaltar o quanto a aderência das empresas é importante para apresentar um relatório integrado com mais transparência para a sociedade. Ademais, isso pode incrementar a credibilidade das empresas junto aos investidores e ao público em geral, fortalecendo sua confiança e legitimidade perante o mercado. Importante salientar que este estudo oferece contribuições significativas ao delinear um perfil detalhado das empresas listadas no ISE B3 e ao destacar a aderência parcial às normas de sustentabilidade, fornecendo uma base para futuras pesquisas. Essas futuras investigações poderiam expandir a análise para incluir outras empresas e índices, como o Índice de Carbono Eficiente (ICO2 B3), para uma compreensão mais abrangente da aplicação das normas IFRS S2, especialmente no contexto das metas ESG e das diretrizes TCFD.