Resumo

Título do Artigo

A DIGITALIZAÇÃO PODE SUPERRAR AS LEIS DE MERCADO? RASTREABILIDADE E PRECIFICAÇÃO TRANSPARENTE DE ALIMENTOS
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Tema

Agronegócios e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Diego Durante Mühl
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - CEPAN - Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios Responsável pela submissão
2 - Leticia de Oliveira
- Ciências Econômicas

Reumo

Introdução A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 600 milhões de pessoas ficam doentes anualmente devido a alimentos contaminados, resultando em cerca de 420.000 mortes, das quais 125.000 são crianças com menos de 5 anos. A perda anual de anos de vida saudável devido ao consumo de alimentos inseguros é de aproximadamente 33 milhões (World Health Organization, 2015). Para enfrentar esses desafios, o desenvolvimento de soluções para rastreabilidade de alimentos tem sido uma prioridade. Sistemas de rastreabilidade melhoram a segurança alimentar ao permitir a identificação rápida de fontes de contaminação, fornecem transparência ao consumidor, facilitam a conformidade regulatória e aprimoram a gestão de recalls (Zhou; Xu, 2022). A rastreabilidade é realizada através da integração de tecnologias digitais que monitoram a localização e o estado dos produtos e identificam sua origem e características. Os sistemas mais comuns para designar uma Unidade de Recurso Rastreável (TRU) incluem códigos de barras 1D e 2D e RFID (identificação por radiofrequência). O código QR é frequentemente utilizado em produtos de baixo custo, como o leite, devido ao seu baixo custo operacional (Hassoun et al., 2024; Li et al., 2016; Zhou; Xu, 2022). O uso de blockchain tem potencial significativo para a rastreabilidade de produtos agrícolas, permitindo armazenamento de dados de forma transparente e automatizando processos com contratos inteligentes, embora haja necessidade de mais pesquisa sobre a interoperabilidade do blockchain com tecnologias emergentes (Ahamed; Vignesh, 2022; Bruel; Godina, 2023; Dos Santos; Torrisi; Pantoni, 2021; Kshetri, 2021; Sharma; Tripathi; Mittal, 2022). A insegurança alimentar está mais relacionada às desigualdades sociais e desperdício de alimentos do que à falta de alimentos em si (Bjornlund; Bjornlund; van Rooyen, 2022; Delgado Cabeza, 2010). No Brasil, mais de 33 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar em 2021, representando 15,5% dos lares (Maluf et al., 2022). O manuscrito propõe um sistema de rastreabilidade que inclui a formação dos preços dos produtos ao longo da cadeia produtiva, oferecendo um novo nível de transparência aos consumidores. Metodologia O estudo é exploratório, descritivo e qualitativo, baseado em revisão de literatura sobre sistemas de rastreamento. Foram coletados artigos científicos sobre a implementação de soluções de rastreamento em cadeias de suprimentos alimentares, e a partir desses estudos foi desenvolvido um framework que adiciona variáveis de custos e lucros à rastreabilidade tradicional. Resultados e Discussão O rastreamento de alimentos começa com o produtor rural e inclui informações sobre o produto, data de colheita, e uso de insumos. O processamento e transporte também são registrados, com a inclusão de códigos de rastreabilidade e informações de transação. O framework proposto sugere a adição de informações sobre custos e lucros ao longo da cadeia de suprimentos, coordenadas por uma plataforma digital. Isso permitirá um novo modelo de precificação que promove transparência e equidade econômica, desafiando as práticas tradicionais de mercado e possibilitando um novo paradigma de responsabilidade social e econômica. Conclusão O framework proposto visa tornar transparente a formação dos preços dos alimentos ao longo da cadeia produtiva, promovendo um ambiente mais justo e informativo para todos os envolvidos. Embora a implementação enfrente desafios tecnológicos e resistência de alguns participantes, a digitalização e a transparência na formação de preços têm o potencial de melhorar a justiça social e econômica. Futuras pesquisas devem explorar a aplicação prática do modelo em cadeias de suprimentos curtas e considerar o impacto das plataformas digitais como intermediárias nas cadeias alimentícias.