Reumo
1 INTRODUÇÃO
O aumento da população urbana em detrimento da rural, já é realidade na maioria dos municípios brasileiros. O crescimento urbano é justificado, em grande parte, pelo desenvolvimento econômico que em consequência acaba pressionando a remoção da vegetação local abrindo espaço para edificações e indústrias.
Dessa forma, com o passar do tempo, as cidades e sua população sofreram com as consequências decorrentes da falta de áreas verdes: formação de ilhas de calor, alagamentos e enchentes devido à baixa infiltração e por consequência o escoamento superficial causando erosão, baixa filtração do ar, desconforto ambiental e carência de beleza cênica.
Paralelo a ocorrência de problemas ambientais, começaram a surgir os primeiros trabalhos de arborização urbana, a fim de estudar a relação entre a cidade, a população e os componentes arbóreos. Nesse contexto, os estudos relacionados à arborização urbana, apontaram um caminho para que a convivência beneficie ambos os lados.
Este estudo buscou abordar a percepção ambiental que a comunidade acadêmica da UTFPR - campus Francisco Beltrão tem em relação a arborização de seu espaço.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Na Europa, registros apontam que a arborização urbana teve início na metade do século XV, com o desenvolvimento de praças e jardins. Dois séculos depois do início do crescimento urbano as cidades importantes da Europa, como Amsterdã na Holanda, desenvolveram ruas e passeios vegetados (GOMES; SOARES, 2003).
Na atualidade, mais de 80 % da população vive na cidade, e a presença de vegetação melhora a qualidade de vida das pessoas. Rocha, Leles e Neto (2004) relatam as diversas funções que a vegetação desempenha no ambiente, referente à saúde do meio e da população, como: atenuação das altas temperaturas no microclima, diminuição da poluição atmosférica, embelezamento da cidade, sombreamento e bem-estar psicológico. Ferreira e Amador (2013) comentam que as árvores podem atuar como cortinas vegetais retendo em torno de 10% o teor de poeira presente na atmosfera. Além disso, ao fixar o carbono na fotossíntese exerce uma função de relevante importância na redução dos níveis de gás carbônico atmosférico (ALMEIDA, 2009).
3 METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado na UTFPR Campus Francisco Beltrão, localizada no município de Francisco Beltrão, mesorregião do Sudoeste Paranaense. Foi aplicado um questionário para investigar a percepção da comunidade acadêmica conforme a idade, nível de escolaridade, função institucional e tempo de vínculo à instituição.
Segundo a Diretoria de Planejamento e Administração o Campus possui 899 pessoas. O número significativo para representação de tal população seria de 169, obtido pelo cálculo estatístico. Foi considerando um nível de significância de 99% e erro amostral de 9%.
A metodologia que se empregou para a realização desse estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter sistemático. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário adaptado do estudo de ROPPA et al. (2007) que é composto de questões abertas e objetivas referentes a idade, grau de escolaridade, grau de arborização, vantagens e desvantagens da arborização, e preferência de espécies.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Foram realizadas 174 entrevistas com a comunidade acadêmica. Sendo que 72,98 % tinham vínculo com a instituição que variou de 1 mês a 3 anos. Outros 14,94 % possuíam vínculo de 6 a 9 anos, e 8,62 % no intervalo de 3 a 6 anos. Isso demonstrou que o estudo possui representatividade entre todos as esferas da universidade: alunos, docentes e servidores técnico administrativos.
Quando instigados a escolher uma classificação para a arborização do Campus, entre: pouco, razoavelmente e muito arborizado, 72 % dos entrevistados opinaram por pouco arborizado, 25% acham razoavelmente arborizado e apenas 3% classificaram como muito arborizado. Isso reflete a situação da arborização do campus na época da pesquisa.
Quando perguntados sobre os três principais benefícios que a presença de vegetação pode proporcionar, as respostas mais frequentes foram: sombra, redução de calor, e a qualidade do ar. Quando questionados em relação às possíveis desvantagens da arborização do Campus, (61%) respondeu não observar desvantagem na arborização. Isso pode representar um alto nível de conscientização da comunidade acadêmica quanto a importância da presença de vegetação no ambiente. Todas as opções de benefícios da arborização sugeridas no questionário foram marcadas, o mesmo não ocorreu quando as pessoas foram questionadas sobre as possíveis desvantagens da arborização.
Quando perguntado aos entrevistados se eles tinham preferência por algum tipo de espécie arbórea, 81,60 % respondem que sim, e escolheram as características que chamavam mais sua atenção em uma árvore, como flores e frutos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A comunidade acadêmica percebe a carência de árvores no Campus, evidenciam os aspectos positivos da arborização e sua grande maioria desconsiderou as desvantagens. Conclui-se que os benefícios mais perceptíveis da arborização são: sombra, redução de calor e qualidade do ar.
6 REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Danielucia N. Análise da arborização urbana de cinco cidades da região norte do estado de Mato Grosso. 2009. 62 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais e Ambientais) - Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2009.
FERREIRA, Eliane S.; AMADOR, Maria B. M. Arborização urbana: a questão das praças e calçadas no município de Lajedo-PE e a percepção da população. Fórum Ambiental da Alta Paulista. v. 9, n. 4, p. 59-78, 2013.
GOMES, Marcos A. S.; SOARES, Beatriz R. A Vegetação Nos Centros Urbanos: Considerações Sobre Os Espaços Verdes Em Cidades Médias Brasileiras. Estudos Geográficos, Rio Claro, 1(1): 19-29, Junho, 2003.
ROCHA, Rodrigo T.; LELES, Paulo S. S.; NETO, Nolasco O. Arborização de vias públicas em Nova Iguaçu, RJ: o caso dos bairros 72 Rancho Novo e Centro. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.28, n.4, p.599-607, 2004.
ROPPA, Cristiane; FALKENBERG, JaianeR.; STANGERLIN, Diego M.; BRUN, Flávia G.K; BRUN, Eleandro J.; LONGHI, Solon J. Diagnóstico da percepção dos moradores sobre a arborização urbana na Vila Estação Colônia – Bairro Camobi, Santa Maria – RS. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v. 2, n.2, p. 11-30, 2007.