Reumo
Um dos assuntos discutidos, há décadas, é a questão da sustentabilidade e as problemáticas ambientais, visto que a vida na superfície terrestre enfrenta severas ameaças, seja pelas transformações técnico-científicas, seja pelos hábitos individuais e coletivos da humanidade, que promovem perturbações e ameaçam o equilíbrio ecológico, favorecendo sua degradação (GUATTARI, 2012) e exigindo alternativas para o desenvolvimento da vida em sociedade (ESPÍNDOLA, NETO & SOUZA, 2017). Uma opção, conforme esses autores, é a gestão social, na qual a população protagoniza a produção do bem comum; no entanto, uma dificuldade dessa alternativa é sensibilização sobre os impactos negativos ao meio ambiente, que pode, conforme Moraes, Dos Santos e Marques (2018), ser superada pela adoção de políticas públicas multidisciplinares voltadas à conservação ambiental. Dessa forma, quando se re (pensa) a sustentabilidade, é importante olhar sistêmico para as oito dimensões da sustentabilidade (social, cultural, ecológica, ambiental, territorial, econômica, política nacional e política internacional) propostas por Sachs (2008). Assim, o objetivo geral deste trabalho foi identificar os condicionantes e desafios para implantação do PLS em uma universidade pública. Quanto à metodologia, a pesquisa foi qualitativa e na análise de conteúdo, utilizou-se categorias de análise – Sustentabilidade e Coprodução. O Plano de Logística Sustentável é uma ferramenta de gestão que visa promover ações para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável por meio das contratações públicas. O PLS na Unipampa foi criado em 2016 e tem objetivo de “estabelecer diretrizes e um conjunto de programas para a inserção de atributos de sustentabilidade na gestão da logística da Universidade” (UNIPAMPA, Resolução 141, p. 13-14, 2016). Embora na constituição da comissão para elaboração do PLS, tenham sido identificadas características que coadunam com algumas características das tipologias de coprodução, conforme Salm (2014), como: protagonismo e poder do Estado ao emitir um normativo para as Instituições aderirem; transparência de acordo com a Lei; concepção do interesse público definido e expresso pela lei concepção do interesse público definido e expresso pela lei; não foi possível evidenciar outras características como compartilhamento de responsabilidade, engajamento, envolvimento e responsividade, frente à ausência de participação social. Na constituição da comissão do PLS, a Instituição optou por não abrir a comissão nem para os campis, nem para a comunidade externa. Não teve representatividade das categorias discentes, docentes e comunidade. Esse fenômeno pode ser identificado como um neoinstitucionalismo, no qual a Instituição aplica métodos e técnicas, exclusivamente, com o propósito de atender o marco regulatório, numa perspectiva de Gestão Estratégica. Por fim, ao analisar os condicionantes/desafios para participação social no processo de implantação do PLS pode-se inferir que para haver participação social é preciso que a administração pública proporcione uma abertura de espaços para que grupos de interesse da sociedade civil tenham voz e demonstrem sua intenção na participação das ações da universidade, mas para isso, é preciso demonstrar para a sociedade o porquê da participação, qual importância, por exemplo, do PLS, o que é e para que serve o plano. A limitação deste trabalho está relacionada com os meios de investigação, visto que se utilizou apenas investigações documentais e entrevistas via google meet. Outra limitação foi não conseguir obter entrevistas com todos os membros da comissão especial do PLS, com todos os diretores e representantes do CONSUNI (discente e comunidade externa). E, ainda, salienta-se que o ciclo da pandemia Covid 19 limitou a mobilização das pessoas nos fenômenos e nos processos sociais. Para estudos futuros, sugere -se analisar a participação social na aprovação do PLS no Conselho Universitário da Unipampa em comparação com outras Instituições. Ou ainda, analisar a percepção dos estudantes da Unipampa sobre a participação social em temas como o PLS. O tema da coprodução é importante e dialoga com uma gestão mais social, assim para contribuir e dar continuidade a temática coprodução do bem público, a pesquisa pode ser replicada em outras instituições de ensino.