Resumo

Título do Artigo

SUSTENTABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL EM INSTITUIÇÕES DO SETOR BANCÁRIO NO BRASIL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
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Tema

Finanças Sustentáveis

Autores

Nome
1 - Flavia Mengardo Gouvêa
Unesp Faculdade de Ciências Humanas e Sociais - Franca-SP Responsável pela submissão
2 - Gustavo Hermínio Salati Marcondes de Moraes
- FCA/Unicamp (Brazil) and North-West University (South Africa)
3 - Muriel de Oliveira Gavira
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP, Faculdade de Ciências Aplicadas
4 - Rosley Anholon
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Reumo

A grande preocupação hoje com sustentabilidade, hiperconsumo e questões relacionadas trazem a temática de disponibilidade de recursos para todos para o debate e estudo atual. Dentro desse contexto, tem-se o conceito de desenvolvimento sustentável, impulsionado pela Comissão Brundtland em 1987, e reforçado pela reunião da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992, também conhecida como ECO-92 (Hjortha, 2006). Deste modo, a sustentabilidade se faz cada vez mais presente na gestão das organizações empresariais, que devem se pautar por meio de diretrizes financeiras, ambientais e sociais. As empresas, nesse contexto, passaram a incorporar as questões socioambientais às suas práticas de gestão, com o intuito de beneficiar não somente a si mesmas, mas à sociedade, movimento já identificado desde meados de 1990, e intensificado a partir dos anos 2000 (Elkington, 2012), chamado de sustentabilidade corporativa e de responsabilidade socioambiental (Rao e Holt, 20050). O setor bancário possui, portanto, um papel fundamental na promoção do desenvolvimento sustentável, pensado como instituição, podendo ser um modelo de negócio sustentável em sua essência prática, como também sendo intermediador, financiando e/ou apoiando (setores, empresas, etc.) com financiamentos e empréstimos, que guiam o desenvolvimento (Kunhibava et al, 2018). Perguntas como seguir a prática sustentável nas empresas e no setor bancário, por exemplo, ou se a sustentabilidade bancária traz mais sustentabilidade para as empresas em geral ainda estão sem respostas completas (Suprapto, A. T. et al, 2024). Assim, a presente pesquisa tem por objetivo analisar quais práticas referentes à sustentabilidade social e ambiental para o setor bancário vem sendo de fato adotadas pelas instituições brasileiras do referido setor. Partindo da definição de banco sustentável como “um banco que oferece produtos, serviços e práticas que contribuam para o desenvolvimento sustentável, beneficiando o meio ambiente, o social e as dimensões econômicas a curto, médio e longo prazo” (Silva, 2022), 19 práticas foram extraídas de uma revisão sistemática de literatura feita pelas autoras, com o foco em determinar quais são os elementos para medir sustentabilidade no setor bancário, usando análise de conteúdo (Bardin, 2011). As práticas listadas no referido estudo foram mensuradas nesta pesquisa atual numa escala de 1 a 5 (onde 1 é prática não implantada, e 5 é prática implantada de maneira estruturada no setor bancário) via Google Forms. A coleta de dados ocorreu por meio de uma survey cujos respondentes são especialistas que conhecem a temática e a realidade brasileira, e atuam na área. Como resultados foram encontradas algumas lacunas dentre as práticas listadas para aprimorar no setor de sustentabilidade nos bancos brasileiros. Foram encontradas outras práticas relacionadas à performance e métricas, que já estão mais consolidados no setor. Ou seja, há um esforço, por parte do setor bancário, em trazer a sustentabilidade para o core business da organização (Laszlo e Zhexembayeva, 2011), a chamada ‘Sustentabilidade Integrada”, e percebe-se também que muitas práticas ainda estão sendo traçadas, portanto estas são entendidas como “Sustentabilidade Complementar”, ou seja, aquelas que ainda requerem um maior esforço (Laszlo e Zhexembayeva, 2011). A prática 13 (Resultados relacionados às práticas sociais e ambientais muito bem disseminados por meio de relatórios de sustentabilidade que seguem padrões internacionais) é a mais bem disseminada no setor, conforme dados apresentados. Esse resultado atesta a afirmação de que as grandes corporações, incluindo o setor bancário, optam por comunicar suas práticas por meio de relatórios de sustentabilidade (Elkington, 2012), dando legitimidade a suas ações, junto à sociedade. Nesse mesmo conceito, a prática 5 (Uso de um sistema de métricas para avaliar o desenvolvimento das atividades da organização financeira rumo ao alcance do objetivos sustentáveis traçados...) também corrobora no mesmo entendimento de divulgação de resultados, como via de trazer mais legitimidade a essas práticas. Assim, percebe-se que há um esforço, por parte dos bancos, em integrar a sustentabilidade no core business das empresas (chamada de sustentabilidade integrada ou incorporada), que é a incorporação dos valores ambientais, de saúde e socias no centro das organizações, sem que haja prejuízos para o desempenho financeiro (Lazlo e Zhexembayeva, 2011), a exemplo das práticas 13, 5, e 1 (Integração da sustentabilidade social e ambiental nos valores, na missão e visão da organização financeira...). Essa sustentabilidade percebida nessas práticas leva a vantagens competitivas, mesmo quando não geram ganhos financeiros no curto prazo. Um ponto a ser considerado dentre essas 3 práticas é o alto desvio-padrão presente nos dados das práticas 1 (maior desvio-padrão da amostra) e 5 (quarto maior desvio-padrão da amostra), o que indica grande divergência de respostas, sendo esta uma limitação da pesquisa, visto que não abrangeu análise cruzada para verificar esse resultado. Seguindo a mesma linha de pensamento ao revés, pode-se dizer que as práticas 10 (Sistema de recompensa dos funcionários que valorize o alcance de metas sustentáveis ambientais e sociais), 15 (Representatividade em termos de diversidade nas esferas mais altas da organização financeira - gênero, raça, etc) e 8 (Desenvolvimento de produtos e serviços sempre considerando os aspectos da sustentabilidade social e ambiental, em especial analisando os impactos decorrentes de seu ciclo de vida) ainda estão na chamada sustentabilidade complementar (ou superficial) (Lazlo e Zhexembayeva, 2011). Ou seja, estas práticas são as menos estruturadas no setor bancário do Brasil, indicando uma necessidade maior de atenção e desenvolvimento de projetos para essas áreas. Vale destacar que as práticas 15 e 10 possuem alto desvio-padrão, o que denota grande divergência de respostas, sendo esta uma limitação da pesquisa, visto que não foi possível fazer análises de dados cruzados neste estudo. Assim, a partir desses resultados primários de quais práticas estão mais ou menos estruturadas no setor bancário no que tange a sustentabilidade, podem ser pensados estudos futuro, visto haver limitações nesta pesquisa, como uma amostra pequena (15 respondentes), além de ter a maioria dos respondentes (13) concentrada em apenas em dois bancos de caráter público, o que pode trazer viés a pesquisa proposta. Estudos posteriores devem ser feitos com amostra de população maior e mais diversa, com vistas a se obter um resultado mais fiel a realidade bancária como um todo.