Resumo

Título do Artigo

ENVIRONMENTAL MANAGEMENT ACCOUNTING: ENSAIO TEÓRICO SOBRE ORIGEM, DEFINIÇÕES E FERRAMENTAS
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Tema

Governança e Sustentabilidade em Organizações

Autores

Nome
1 - Andréia Cittadin
- Universidade do Extremo Sul Catarinense Responsável pela submissão
2 - FABRICIA SILVA DA ROSA
-

Reumo

A pressão de clientes, investidores, fornecedores, instituições financeiras, governos e sociedade, foi propulsora da consciência ambiental e da forma de conduzir os processos produtivos com vistas a preservação e a proteção ambiental (Ribeiro, 1998). Nesse sentido, o aumento do interesse pela proteção ambiental passou a requerer mais dados sobre as práticas ambientais das empresas (Elhossade et al., 2021), fato que contribuiu para a identificação de medidas de desempenho internas e externas, com vistas a diminuir ameaças e desenvolver novas oportunidades em relação à sustentabilidade ambiental (Rosa et al., 2020). Neste contexto, a Environmental Management Accounting (EMA), termo traduzido livremente como Contabilidade de Gestão Ambiental, surgiu para fornecer uma resposta às críticas relacionadas às falhas da contabilidade gerencial convencional no que se refere à mensuração de custos e potenciais benefícios ambientais, que muitas vezes são subestimados (Christ; Burritt, 2013). A principal diferença entre a contabilidade convencional e a EMA está relacionada à identificação, mensuração, análise e interpretação das informações ambientais pertinentes às atividades empresariais (Burritt et al., 2002). A EMA incorpora questões ambientais nos sistemas convencionais de contabilidade gerencial (Abdel-Maksoud et al., 2016) e fornece uma solução pragmática às limitações desses sistemas, que apresentam certas restrições quanto ao fornecimento de informações aos tomadores de decisão (Gunarathne; Lee, 2021). Este resumo tem o objetivo de discorrer sobre a origem, definições e ferramentas da Environmental Management Accounting (EMA). Para tanto, se fez uso de pesquisa descritiva, qualitativa e bibliográfica. Os resultados mostram que o movimento de integração entre a gestão ambiental e a contabilidade gerencial ocorreu na década de 1980, quando algumas empresas americanas utilizaram técnicas da contabilidade gerencial para analisar os custos e benefícios das ações de prevenção da poluição (Bouma; Van Den Veen, 2002). Essas técnicas ficaram conhecidas como Environmental Management Accounting (EMA) e o seu desenvolvimento foi influenciado por associações de contabilidade e agências governamentais (Bouma; Van Den Veen, 2002). Assim, organizações internacionais, como a Divisão das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (UN Division on Sustainable Development - UNDSD) e instituições contábeis, como Associação de Contadores Licenciados (Association of Chartered Accounts - ACCA), Federação Internacional de Contadores (International Federation of Accountants - IFAC), entre outras, começaram a publicar e emitir recomendações e diretrizes no intuito de disseminar conhecimento sobre a área (Schaltegger et al., 2013). A partir dos anos 1990, a área começou a se desenvolver mediante a disponibilização de informações para a tomada de decisão e alinhamento dos aspectos econômicos e ambientais necessários ao gerenciamento das atividades corporativas (Burritt et al., 2002). Inicialmente o enfoque maior estava no cumprimento de legislações e regulamentações ambientais, porém o aumento da publicação de relatórios sobre o desempenho ambiental ampliou a responsabilidade das organizações frente às questões ambientais e a prestação de contas perante a sociedade e partes interessadas (Bennett et al., 2002). Além de realizar a prestação de contas, a EMA possibilita identificar oportunidades comerciais pelo atendimento de consumidores ambientalmente mais conscientes (Bennett et al., 2002), redução de custos (Bennett et al., 2002; Christ; Burritt, 2013), melhoria na composição de mix de produtos e na formação de preços, evita custos futuros associados a decisões de investimentos, melhoria do desempenho ambiental e da imagem corporativa (Christ; Burritt, 2013). Ademais, a evidenciação das informações ambientais permite revelar os riscos e os passivos ambientais vinculados às atividades empresariais (Monteiro; Ferreira, 2007). Existem diversas tentativas de classificar diferentes abordagens ou métodos da contabilidade ambiental, que levam à constatação sobre a EMA como uma disciplina jovem, que apresenta crescimento das publicações em periódicos, livros e relatórios emitidos por organizações internacionais (Schaltegger et al., 2013). Embora que a literatura apresente diversas definições da EMA, é possível perceber que há consenso sobre o que esta área objetiva, que está relacionada a reunir, reconhecer, mensurar e evidenciar informações financeiras e físicas sobre os impactos ambientais, desempenho ambiental e benefícios econômicos para diversas partes interessantes, nos mais variados níveis organizacionais, de modo a melhorar o processo de tomada de decisão (Christ; Burritt, 2013). Pode-se conceituar a EMA como um conjunto de ferramentas que tentam desenvolver indicadores e gerenciamento de informações úteis para diferentes níveis gerenciais e métodos de integração com contabilidade e relatórios ambientais (Schaltegger; Burritt, 2010). Nota-se que esta perspectiva não desvincula a EMA dos relatórios de sustentabilidade e gestão estratégica e operacional, ao contrário, busca apoiar o processo de engajamento da gestão no desenvolvimento e melhoria da sustentabilidade corporativa, revisar resultados e processos, facilitar a comunicação e emissão de relatórios, subsidiar e desafiar a gestão na escolha de indicadores de sustentabilidade (Schaltegger; Burritt, 2010) para mensurar o desempenho ambiental (Latan et al., 2018). A EMA incorpora uma série de ferramentas e técnicas que possibilitam às organizações reconhecer, gerenciar e reduzir os impactos ambientais, dentre as quais destacam-se: contabilidade de custos ambientais, contabilidade de custos de fluxo de materiais (Bennett et al., 2002; Christ; Burritt, 2013), custeio do ciclo de vida (Bennett et al., 2002; Christ; Burritt, 2013), avaliação de investimento ambiental (Christ; Burritt, 2013), benchmarking, auditoria, ecocontrole (Qian et al., 2018), Balanced Scorecard (BSC) e outras (Bennett et al., 2002; Qian et al., 2018). Assim como a contabilidade gerencial convencional se configura de acordo com a necessidade informacional dos usuários internos, nos aspectos de relevância e utilidade, a forma, o processo e os efeitos da EMA podem variam de acordo com as características das empresas e as medidas de desempenho da sustentabilidade devem se concretizar considerando o contexto no qual a organização está inserida (Schaltegger; Burritt, 2010). A EMA pode sinalizar para o impacto mais amplo das atividades empresariais no meio ambiente, porém somente fará diferença para uma mudança significativa de orientação estratégica se o comportamento dos tomadores de decisão for favorável (Bennett et al., 2002). A partir desse ensaio acredita-se que é possível motivar as discussões acadêmicas sobre a EMA e sua aplicação prática no âmbito organizacional.