Reumo
Em uma sociedade cada vez mais interligada e globalizada, o Sistema Financeiro se destaca como um denominador comum. Neste sentido, as instituições financeiras se destacam como um elo fundamental, através do qual é possível conectar o fluxo de capitais para diversas localidades com níveis distintos de avanços sociais e ambientais. Diante deste cenário, influenciar as decisões de alocação do capital apresenta-se como uma das formas – senão a melhor – de promover a tão necessária transição para uma nova economia, através das finanças sustentáveis como meio basilar de desenvolvimento. Em junho de 2004, foi publicado o relatório "Who Cares Wins: Connecting Financial Markets to a Changing World", resultado de esforços de um grupo composto por representantes de bancos, fundos de pensão e companhias de seguros, promovido pelo Pacto Global da ONU. O relatório "Who Cares Wins” apresentou diretrizes e recomendações para uma melhor integração dos fatores ambientais, sociais e de governança na gestão de ativos, serviços de corretagem de valores e pesquisa de investimentos. Em setembro 2015, pouco mais de dez anos após o relatório “Who cares win”, a Assembleia Geral das Nações Unidas adota pela primeira vez a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável - plano de ação global com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas a serem alcançados até 2030. A partir da publicação da Agenda 2030, os investidores começaram a reavaliar as suas políticas de investimento também à luz dos ODS da ONU. Nos anos subsequentes ao relatório Who Cares Wins, o cenário de investimento sustentável se transformou de forma significativa: surgiu uma ampla gama de indicadores, benchmarks e ferramentas de análise ESG para auxiliar os investidores na tomada de decisões. Em 2022, a Global Sustainable Investment Alliance (GSIA) estimou que o tamanho do mercado global de investimentos sustentáveis era de US$ 30,3 trilhões, representando um crescimento de 33% em relação a 2016. Desse total, os principais mercados são o europeu, com 46% e o norte-americano, com 28%. As instituições financeiras desempenham um papel crucial na promoção de práticas ESG em todo o mundo ao integrar critérios ESG em suas decisões de investimento e financiamento. Nesse processo, as instituições financeiras captam recursos, oferecendo produtos e serviços com retornos financeiros de impacto social positivo, por meio de emissão de títulos no mercado financeiro e de capitais, vinculados à promoção de práticas sustentáveis, como Fundos ESG, Títulos verdes (Green bonds) e concedem na forma de emissão de dívidas (empréstimos, debêntures, entre outros) ao mercado, incluindo metas de sustentabilidade.Uma pesquisa realizada pela Global Sustainable Investment Report indica que a segunda estratégia de investimento sustentável mais utilizada globalmente é a ESG, com US$ 17,5 trilhões. O objetivo deste artigo é verificar como as Instituições financeiras têm impulsionado a adoção dos objetivos globais da ONU através das finanças sustentáveis. Foram pesquisados histórico e avanço global sobre o tema, assim como a verificação do fluxo de capitais promovidos através de instrumentos financeiros disponibilizados pelas instituições financeiras. Para esta análise, foram consultados os relatórios Who care wins, Global Sustainable Investment Report 2022, Annual Report PRI 2023, Annual Report BID 2023, notícias e artigos em websites oficiais.Esta pesquisa é classificada como exploratória, com abordagem qualitativa e quantitativa. O método selecionado foi o estudo de caso : o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, que atua na captação de recursos para América Latina e Caribe. O BID emite títulos e bonds no mercado internacional de capitais e recebe doações; após captados, os recursos são concedidos na forma de financiamentos de longo prazo para projetos e programas de desenvolvimento aos países membros. O BID Invest divulgou, em seu Relatório Anual de 2023, um saldo de captação de recursos equivalente a US$ 7,3 bilhões de dólares em 2023, representando um aumento de 26% em comparação com 2022 (US$ 5,8 milhões); a liberação de recursos no formato de financiamentos e títulos de dívidas apresentou saldo equivalente a US$ 8,2 bilhões de dólares, distribuídos para diversos países para projetos nos setores de energia, água e saneamento, agroindústria, entre outros. Em 2023, o BID Invest publicou, em seu Relatório de Sustentabilidade, 447 projetos em carteira, com desembolsos de US$ 41,8 bilhões (2016-2022); para todos os projetos, o BID destaca, detalhadamente, as contribuições aos ODS e temas ESG. Os resultados revelaram que há um crescente volume de recursos financeiros destinados a investimentos sustentáveis (US$ 30,3 trilhões em 2022) e que as instituições financeiras são as gestoras de grande parte destes investimentos. As informações coletadas demonstraram que o BID é um exemplo de instituição financeira que promove e impulsiona a adoção dos ODS. Considerando que seu foco é o desenvolvimento sustentável, ele cumpre esse papel, captando recursos de investidores no mercado internacional e aplicando esses recursos em empresas e projetos nos países da América Latina e Caribe, cujos objetivos estejam alinhados aos ODS.