Reumo
O desenvolvimento econômico e tecnológico das últimas décadas gerou uma exploração insustentável dos recursos naturais e desafios sociais e ambientais complexos. Para enfrentar essas questões, a Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) emergiram como um conjunto de metas globais interconectadas. O setor privado, incluindo as indústrias químicas, desempenham um papel crucial nesse contexto, oferecendo soluções tecnológicas para problemas globais. Este estudo examina práticas de gestão sustentável em indústrias químicas no Brasil e na Alemanha, focando na integração dos ODS e no impacto dessas práticas no desempenho empresarial.
A pesquisa, de caráter qualitativo e exploratório, comparou quatro indústrias químicas em cada país, utilizando entrevistas semiestruturadas e análise de documentos para coletar dados. O estudo revela diferenças significativas entre as práticas adotadas por empresas brasileiras e alemãs. As empresas alemãs, em um contexto de economia desenvolvida e com acesso a tecnologias avançadas, apresentam práticas mais integradas e eficazes em sustentabilidade, especialmente em áreas como eficiência energética e economia circular. Por outro lado, as empresas brasileiras, em um ambiente de economia emergente, enfrentam desafios maiores para implementar práticas semelhantes, refletindo uma abordagem mais gradual e adaptativa.
As empresas químicas alemãs destacam-se pela implementação de sistemas avançados de reuso de água, gestão de efluentes, e investimentos significativos em energia renovável, como eólica e solar. Em contraste, as empresas brasileiras estão em estágios iniciais de transição para fontes de energia mais limpas, com foco em tecnologias como LED e painéis solares. Além disso, as indústrias químicas na Alemanha adotam metas ambiciosas para a redução de emissões de CO2 e participam ativamente na economia circular. No Brasil, as iniciativas tendem a ser menos tecnológicas, embora haja um compromisso crescente com a sustentabilidade.
Os resultados também indicam que, enquanto as empresas alemãs possuem sistemas de gestão ambiental altamente integrados e frequentes auditorias, as brasileiras enfrentam desafios na integração e eficiência desses sistemas. Em relação à segurança no trabalho, as empresas alemãs adotam abordagens mais proativas e formalizadas, enquanto as brasileiras estão em um processo de evolução, com foco crescente em campanhas de segurança.
A pandemia de COVID-19 expôs vulnerabilidades nas cadeias de suprimentos globais, acelerando a necessidade de práticas mais resilientes e sustentáveis. O estudo identifica que as empresas químicas, especialmente na Alemanha, aproveitaram a crise para revisitar suas estratégias e adotar inovações que contribuem para a sustentabilidade a longo prazo.
Conclui-se que as práticas de gestão orientadas aos ODS diferem significativamente entre os dois contextos nacionais, refletindo as condições econômicas, culturais e regulatórias específicas de cada país. Enquanto as indústrias alemãs estão na vanguarda da inovação tecnológica e sustentabilidade, as brasileiras demonstram um forte engajamento social e estão em um processo contínuo de evolução. O estudo enfatiza a necessidade de políticas públicas robustas e cooperação entre governo e setor privado para superar as barreiras enfrentadas pelas indústrias químicas, especialmente em economias emergentes como a do Brasil.