Reumo
Este artigo, fruto de um projeto de Iniciação Científica do Curso de Psicologia de uma universidade privada de Fortaleza, explora as possibilidades da interseção entre videogames e psicoterapia como uma ferramenta de intervenção terapêutica, com foco em como essas inovações digitais podem promover práticas mais eficientes, acessíveis e sustentáveis no acompanhamento e tratamento psicológico. O uso de videogames na psicoterapia tem sido estudado como uma forma inovadora de intervenção, ampliando o acesso ao cuidado de saúde mental e trazendo novos recursos para o trabalho clínico, alinhando-se aos princípios da sustentabilidade ao otimizar recursos e ampliar o alcance do tratamento.A Inteligência Artificial (IA) e as plataformas digitais de saúde mental, como o uso de videogames terapêuticos, estão sendo estudadas como formas de melhorar a acessibilidade e a eficácia dos tratamentos. A pesquisa realizada incluiu uma revisão narrativa da literatura e uma avaliação de jogos eletrônicos disponíveis no mercado que podem ser usados como instrumentos de apoio em psicoterapia. Os serious games, por exemplo, são jogos desenvolvidos com o objetivo de ensinar habilidades que podem ser aplicadas fora do ambiente virtual, promovendo melhorias cognitivas, emocionais e comportamentais nos pacientes.Os videogames que exigem interatividade física, como os exergames, foram identificados como promissores no tratamento de transtornos mentais, pois estimulam a atividade física e, ao mesmo tempo, promovem a regulação emocional e o alívio de sintomas como estresse e ansiedade. Além disso, o uso de videogames comerciais em um contexto terapêutico mostrou potencial para desenvolver habilidades cognitivas e emocionais que podem ser transferidas para a vida cotidiana, ajudando a melhorar a qualidade de vida dos pacientes.Outro aspecto importante da pesquisa foi a análise do uso de realidade virtual (RV) e biofeedback como componentes de videogames terapêuticos. Jogos que incorporam biofeedback monitoram sinais fisiológicos dos jogadores, como a frequência cardíaca, e fornecem feedback em tempo real, ajudando os pacientes a desenvolverem habilidades de autorregulação emocional. A realidade virtual, por sua vez, permite que os pacientes sejam imersos em cenários controlados que simulam situações do mundo real, sendo especialmente útil no tratamento de transtornos de ansiedade e fobias.No contexto da sustentabilidade, a adoção dessas tecnologias na psicoterapia oferece várias vantagens. Primeiro, o uso de plataformas digitais e jogos terapêuticos reduz a necessidade de infraestrutura física, como consultórios e clínicas, o que contribui para a redução do deslocamento para consultas presenciais. Segundo, a utilização de tecnologias digitais permite um atendimento mais ágil e acessível, especialmente para populações em áreas remotas ou com dificuldades de acesso aos serviços de saúde mental.A sustentabilidade também se manifesta na capacidade desses jogos de otimizar os recursos terapêuticos, permitindo que terapeutas acompanhem múltiplos pacientes simultaneamente, com a ajuda de sistemas automatizados e inteligência artificial. Além disso, o armazenamento digital de informações clínicas, reduzindo a dependência de papéis e arquivos físicos, contribui para práticas mais ecológicas e eficientes na gestão de dados e no acompanhamento dos pacientes.Apesar dos avanços promissores, o estudo também aponta desafios importantes. A implementação de videogames terapêuticos em larga escala exige regulamentação adequada e cuidados éticos, particularmente no que diz respeito à privacidade dos dados dos pacientes e à qualidade da relação terapêutica. Além disso, o custo de algumas tecnologias, como os sistemas de realidade virtual, pode ser uma barreira para sua adoção mais ampla, especialmente em contextos de recursos limitados.O artigo discute ainda a importância de integrar o uso dessas tecnologias nos currículos de formação em Psicologia, preparando futuros profissionais para lidar com as inovações digitais de maneira ética e eficaz. O uso de serious games, biofeedback e realidade virtual requer habilidades específicas que os psicólogos devem dominar para garantir que essas ferramentas sejam utilizadas de forma responsável e contribuam efetivamente para o tratamento de seus pacientes.Além disso, a pesquisa destaca a necessidade de mais estudos que investiguem o impacto de longo prazo do uso de videogames na saúde mental, com foco em sua eficácia em diferentes populações e em diversos tipos de transtornos. A integração dessas tecnologias com abordagens tradicionais de psicoterapia pode abrir novos caminhos para uma prática mais sustentável e acessível, mas requer uma base sólida de evidências científicas para orientar seu desenvolvimento.Como principais resultados, tem-se que o uso de videogames terapêuticos e outras tecnologias digitais na psicoterapia representa uma oportunidade única para promover práticas mais eficientes, acessíveis e sustentáveis na área de saúde mental. Ao reduzir custos, otimizar recursos e ampliar o alcance dos tratamentos, essas tecnologias podem ser uma solução valiosa para os desafios enfrentados no campo da psicoterapia. Contudo, é crucial que os aspectos éticos e os desafios tecnológicos sejam continuamente monitorados e regulados para garantir que a privacidade dos pacientes seja preservada e que a qualidade do atendimento terapêutico seja mantida. A presente investigação, fruto de um projeto de Iniciação Científica, reforça a necessidade de adaptar a formação acadêmica para incluir essas novas ferramentas, permitindo que futuros psicólogos estejam preparados para utilizar tecnologias inovadoras de maneira ética e sustentável.