Reumo
Em um mundo marcado por crescentes desafios socioambientais, as instituições de ensino superior (IES) assumem um papel crucial como agentes de mudança, impulsionando práticas sustentáveis que contribuem para a construção de um futuro mais justo e equilibrado (Guerra et al. 2016; Lozano, Lukman, Lozano, Huisingh, & Lambrechts, 2013; Ramos et al. 2015; Stephens & Graham, 2010). Aliado a isso, as instituições de ensino superior (IES) vêm intensificando seus esforços na criação de planos estratégicos que visam a sustentabilidade em suas diversas esferas: econômica, social e ambiental (Crawford & Cifuentes-Faura, 2022; Leal Filho et al. 2018). Vale ressaltar que, a sustentabilidade não se dá de forma espontânea; é necessário cultivar compreensões profundas e abrangentes sobre como impulsionar, estimular e guiar a transformação social nessa direção (Boström M. et al. 2018).
A discussão em torno do desenvolvimento sustentável (DS) tem ganhado cada vez mais destaque, ao longo dos anos, e alcançou um novo nível de relevância em 2015 com o lançamento da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). (Serafini,2022). O panorama de DS está cada vez mais pertencente à sociedade, com o intuito de trazer melhores condições, relacionadas a qualidade de vida e bem-estar social (Silva; Conceição; Azevedo, 2024). Dentre as questões abordadas, a Agenda 2030 destaca-se cinco pontos, quais sejam: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parceria (ODS, 2016).
Além do DS, as temáticas relacionadas à busca pela sustentabilidade também obtiveram maior espaço nas últimas décadas. Segundo Nascimento (2012), isso ocorreu como consequência da percepção de uma crise ambiental global. Nesse contexto, as IES vêm sendo provocadas a ocuparem um papel de destaque na temática do desenvolvimento sustentável e, prestar conta de seus resultados aos órgãos reguladores e, principalmente, à sociedade em geral (Marques et al. 2020).
Conforme apontado por Pacheco et al. (2018), devido à similaridade das IES e cidades de pequeno porte, no que tange à complexidade das atividades em seus campi, sugerem que as essas podem gerar impactos ambientais comparáveis. Com isso Tauchen & Brandli (2006) ressaltam que, as IES precisam assumir um papel de destaque na transformação de uma sociedade sustentável e justa, assim como já assumem ao tornarem os discentes informados e capazes de desenvolver tecnologias.
Avaliar a real eficácia das ações desses projetos exigiu o desenvolvimento de métricas de qualidade relacionadas, como os indicadores de ecoeficiência que foram propostos pela Organização das Nações Unidas para as instituições de ensino superior, o que estimulou a criação de outras ferramentas de controle como o UI Green Metric (Lemos & Marques, 2016). O Ui GreenMetric fornece resultados online da relação das IES de todo o mundo com a sustentabilidade, identificando suas políticas e ações. A intenção é trazer à pauta dos líderes universitários questões profundas orientadas à sustentabilidade, a fim de que haja maior dedicação rumo a uma sociedade sustentável (UI GreenMetric, 2024).
Com base na discussão exposta, o argumento deste estudo parte do entendimento de que uma IES Sustentável é aquela que enfrenta a adoção de planejamento e práticas sustentáveis em linha com seu potencial. O DS precisa fazer parte do planejamento estratégico da instituição. Institucionalizar a sustentabilidade nas IES vai além de simplesmente copiar iniciativas de outras instituições. É crucial criar uma cultura genuína de compromisso com a sustentabilidade, enraizada nos valores e na identidade da instituição. Partindo desse pressuposto, a pesquisa tem o intuito de analisar o desempenho da institucionalização do DS na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com o auxílio da classificação existente no GreenMetric, verificando seus indicadores administrativos e operacionais. A partir deste contexto, emerge a seguinte problemática, norteadora do estudo: Quais são os principais desafios e oportunidades enfrentados pelas IES para melhorar seu desempenho no GreenMetric?
Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa e descritiva tendo como estratégia o estudo de caso. As unidades de análise envolvem o Ui GreenMetric – Word University Rankings, Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), Plano de Gestão e Logística Sustentável (PLS) e documental, sendo objeto de estudo uma Instituição de Ensino Superior pública - UFRGS.
A partir da coletânea de informações sobre o tema específico, foi realizada uma análise de conteúdo visando estratificar e evidenciar informações relevantes que o caso selecionado apresenta. Diante das informações foi construído um roteiro de entrevista, semiestruturada, onde através da participação da Engenheira Ambiental - DMALIC foi traçado um panorama geral da instituição. Os resultados da pesquisa evidenciam que há relações importantes acerca do Desenvolvimento Sustentável (DS) e a Instituição de Ensino Superior (IES).
A UFRGS tem buscado integrar o desenvolvimento sustentável ao planejamento estratégico da instituição, através de seu PDI, porém observa-se que faltam planos que visem de forma mais robusta a sustentabilidade em todos os seus aspectos, de forma que haja estratégias com objetivos e metas para o DS.
A IES demonstrou que está em busca de institucionalizar a sustentabilidade, a incluindo nas atividades estratégicas e operacionais, conforme o processo de quatro fases, o qual forma a IES sustentável, instituído por Velazquez et al. (2006). Observou-se que algumas especificidades das IES tornam-se oportunidades para o desenvolvimento da institucionalização da sustentabilidade, quais sejam: a possibilidade de incorporação de temáticas relacionadas à sustentabilidade nos grupos de pesquisa, nos conteúdos curriculares, nos projetos de pesquisa e de extensão, entre outros.
Porém alguns obstáculos apresentam maior potencial em IES do que em outras instituições, tais como: grandes dimensões da comunidade acadêmica; descentralização de campi, bem como das unidades, número reduzido de servidores que atuem com as questões sustentáveis em comparação ao tamanho e complexidade das IES.
No ambiente universitário, há a expectativa de que essas instituições, com seu distinto capital intelectual, possam liderar a evolução de conceitos, valores, práticas de gestão e estratégias de desenvolvimento, influenciando tanto as organizações quanto a sociedade e contribuindo para a realização do futuro pretendido.
Porém, são muitos os desafios para construir uma IES sustentável. É necessário que acima de tudo haja o interesse das gestões administrativas, bem como o incentivo de toda a comunidade acadêmica, para que ações sejam realizadas e a conscientização da importância da sustentabilidade seja cada vez mais desenvolvida.