Resumo

Em períodos de instabilidade ambiental e econômica, a gestão sustentável da cadeia de suprimentos tem sido um recurso de competitividade adotado pelas organizações em seu mercado de atuação. O espaço para organizações preocupadas somente com a maximização de seus lucros é cada vez mais restrito. Ao mesmo tempo em que a sociedade reconhece os benefícios proporcionados pelas empresas, também se posiciona criticamente quanto aos impactos que causam no meio ambiente (ROSSETI, 2008). Quanto as cooperativas, em 2017 no Brasil, o agronegócio representou 21,6% PIB total.

Qual a influência da gestão sustentável da cadeia de suprimentos sobre o desempenho, a competitividade e a dimensão social em cooperativas agroindustriais, na percepção de seus gestores? O objetivo do estudo que ora se apresenta é identificar se, na percepção dos gestores, a gestão sustentável da cadeia de suprimentos influencia o desempenho, a competitividade e a dimensão social das cooperativas agroindustriais.

O desenvolvimento empresarial sustentável consiste em três dimensões, ou seja, uma empresa contribui com o desenvolvimento sustentável quando obtém resultados positivos em termos ambientais, sociais e econômicos (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). Esta configuração gerencial, triple bottom line (TBL), aborda o resultado empresarial de acordo com o valor social e ambiental agregado (ou destruído), e não apenas pelo valor econômico adicionado (HENRIQUE; RICHARDSON, 2004). Pagell e Wu (2009) sugerem que o bom desempenho organizacional em todas as dimensões da TBL está associado à prática da GSCS.

As características da pesquisa e os procedimentos metodológicos utilizados, permitem caracterizar a investigação como descritiva quanto os objetivos, de levantamento (survey) quanto aos procedimentos e com abordagem do problema predominantemente quantitativo. O questionário foi estruturado em 7 blocos contendo 72 questões na totalidade. A amostra compreende a 41 cooperativas agroindustriais do sul do Brasil. A análise dos dados da pesquisa foi realizada por meio de estatística descritiva e regressão linear múltipla.

Através da estatística descritiva foi possível observar uma média entre 3,40 a 4,02, evidenciando uma significante adoção ás práticas de gerenciamento sustentável, as maiores médias estão presente nas práticas de vendas e de logística reversa. O motivo pela adoção da GSCS se dá de forma voluntária e não por pressões externas, na percepção dos gestores. Verificou-se uma influência significativa e positiva entre as práticas de manufatura e a desempenho, competitividade e dimensão social, também entre práticas de vendas e a dimensão social, bem como, as práticas de compras com a competitividade.

A GSCS está mais presente nas PVAS e de logística reversa, demonstrando preocupação das organizações na relação com seus clientes. As PCAS estão associadas positivamente à competitividade onde as cooperativas condicionam suas compras à fornecedores com ações sustentáveis. As pressões de clientes influenciam negativamente no desempenho econômico, isto pode ser entendido pelo fato de que as organizações precisam despender recursos em prol de atividades que envolvam sustentabilidade, o mesmo ocorre com as pressões da concorrência, acirrando o mercado tornando as organizações mais competitivas.

BARBIERI, J; CAJAZEIRA, J. E; Responsabilidade Empresarial e Empresa Sustentável. Da teoria à prática. São Paulo: Saraiva, 2009. HENRIQUES, A.; RICHARDSON, J. The Triple Bottom Line, Does It All Add Up? Assessing the Sustainability of Business and CSR. Ed. 2004; Earthscan Publications Ltd., 2004, cap. 1. p. 1-16. PAGELL, M.; WU, Z. Building a more complete theory of sustainable supply chain management using case studies of 10 exemplars. Journal of Supply Chain Management, v. 45, n. 2, p. 37-56, 2009. ROSSETI, José Paschoal. et al. Finanças corporativas. Rio de Janeiro: Elseiver, 2008.