Resumo

Título do Artigo

MODELO CONCEITUAL DE GOVERNANÇA COLABORATIVA E ADAPTATIVA DE PROBLEMAS PERVERSOS EM SISTEMAS SÓCIO-ECOLÓGICOS
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Tema

Sustentabilidade e políticas públicas para a sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Raphael de Jesus Campos de Andrade
Universidade Federal do Ceará - UFC - Responsável pela submissão
2 - Mônica Cavalcanti Sá de Abreu
Universidade Federal do Ceará - UFC - Universidade Federal do Ceará

Reumo

Problemas perversos são dilemas de planejamento social e político que resistem a definições claras e a conjuntos pré-determinados de soluções advindas das ciências naturais e de engenharia. Destarte, ainda não há uma teoria capaz de explicar como se deve proceder perante problemas perversos. A busca por mecanismos de resposta é urgente. Abordagens de governança colaborativa e adaptativa são cada vez mais reconhecidas como um desses meios. Não obstante, encontram-se parcialmente estruturadas e, em conjunto, ainda não foram testadas empiricamente.
Tomando como base essas pressuposições teóricas e lacunas na produção de conhecimento científico, formula-se o seguinte problema de pesquisa: como se configuram os regimes de governança colaborativa e adaptativa capazes de criar valor sustentável em sistemas sócio-ecológicos frente a problemas perversos gerados por desastres industriais? Com efeito, este ensaio tem como objetivo geral desenvolver um modelo conceitual de governança colaborativa e adaptativa de problemas perversos para a criação de valor sustentável em sistemas sócio-ecológicos afetados por desastres industriais.
Articulam-se neste ensaio os conceitos de problemas perversos, desastres industriais, dinâmica institucional e governança colaborativa, advindos das ciências políticas, bem como os conceitos de governança e cogestão adaptativas, criação de valor sustentável, sistemas sócio-ecológicos e serviços ecossistêmicos, oriundos das ciências ambientais. Destaca-se que ocorrem interações complexas e aproximações entre essas ciências, de modo que operam como lentes de análise de sistemas sócio-ecológicos, o que fornece indícios de que a formação de uma estrutura conceitual integrada está em curso.
Na perspectiva de alcance do objetivo proposto neste ensaio, isto é, desenvolver um modelo conceitual de governança colaborativa e adaptativa de problemas perversos para a criação de valor sustentável em sistemas sócio-ecológicos afetados por desastres industriais, optou-se pela realização de uma revisão sistemática da literatura relacionada a cada um desses conceitos e a suas interconexões.
Os elementos e componentes do modelo proposto se constituem como categorias e subcategorias a serem utilizadas como subsídio para a estruturação de instrumentos de coleta e análise de dados empíricos, possibilitando o estabelecimento de uma agenda de futuras pesquisas acerca de processos de recuperação de desastres industriais. Desse modo, parte-se da premissa de que é possível oferecer insights sobre como estabelecer contrapontos a problemas perversos inerentes a processos de recuperação de desastres industriais na perspectiva da criação de valor sustentável em sistemas sócio-ecológicos.
O modelo proposto se justifica na medida em que: (a) Integra abordagens das ciências ambientais e políticas para a compreensão de processos de recuperação de desastres industriais; (b) Dedica atenção aos pouco estudados componentes sociais dos sistemas sócio-ecológicos; (c) Traz essa discussão para o campo da Administração; (d) Pode subsidiar processos decisórios frente a problemas perversos; (e) Pode enriquecer o debate internacional sobre gestão de crises e emergências; (f) Permite que se forneçam insights sobre casos particulares de sistemas sócio-ecológicos afetados por desastres.
ANSELL, C.; GASH, A. Collaborative governance in theory and practice. Journal of public administration research and theory, v. 18, n. 4, p. 543-571, 2007. RITTEL, H. W. J.; WEBBER, M. M. Dilemmas in a general theory of planning. Policy sciences, v. 4, n. 2, p. 155-169, 1973. WEBER, E. P.; KHADEMIAN, A. M. Wicked problems, knowledge challenges, and collaborative capacity builders in network settings. Public administration review, v. 68, n. 2, p. 334-349, 2008.