O processo para executar o empreendedorismo social implica, a princípio, em compreender os saberes e ofícios locais da comunidade, contribuindo por meio de conteúdo programático teórico e prático, de forma a estimular a economia com práticas sociais organizadas e desenvolvidas pela mesma, para que produza seu próprio bem e gere um retorno financeiro para o local, promovendo inclusão social e melhoria da sua autoestima.
O projeto interdisciplinar de pesquisa e extensão “Canudos: Superando as desigualdades étnico-raciais através do diálogo” é um projeto realizado por uma instituição de ensino superior, na comunidade de Canudos, localizada na zona rural do município de Sobral, Ceará, uma comunidade vulnerável, pois enfrenta problemas socioeconômicos, culturais, psicossociais, de violação de direitos, de reconhecimento de suas diferenças onde o objetiva apresentar o artesanato como estímulo para o empreendedorismo social a partir dos saberes e ofícios locais.
A formação do raciocínio empreendedor como modelo do espírito do capitalismo, modelada como discurso social, é um pouco recente em conteúdo histórico. Ainda mais recente é a visão obtida pelo empreendedorismo social (CASAQUI, 2015). crê-se que a remissão da abnegação da comunidade, dar-se quando a mesma é instruída e incluída, levando em conta sua potencialidade (ROCHA, 2015). É interessante que esses moradores consigam identificar o que pode ser produzido naquela comunidade, que gere um conhecimento e retorno de interesse comum entre os moradores (LIMA, I., 2018).
A pesquisa em lócus foi qualitativa, por ser totalmente subjetiva,tratou-se de pesquisa-ação pelo fato de que o grupo de pesquisadores do projeto coletaram dados, com olhar apreciativo, mas também com um olhar crítico, buscou executar intervenções, como por exemplo, a oficina de artesanato, que reuniu um grupo de moradores, explorando conhecimentos teóricos e práticos para fabricação de tapetes, chapéu e vassoura de palha, a partir de insumos doados.
Foi perceptível a empolgação e envolvimento dos moradores que participaram das oficinas, um total de treze moradores que se prontificaram a resgatar o artesanato presente na localidade, pois os mesmos relataram que as oficinas mostraram as possibilidades para eles desenvolverem a profissão de artesãos e, através desta atividade, construírem uma nova perspectiva de desenvolvimento local, oportunizando as famílias oportunidades de geração de renda, valorização e reconhecimento do potencial da comunidade.
Assim, espera-se que os moradores de Canudos desenvolvam um pensamento empreendedor e práticas de economia solidária, promovendo a comunidade através do fortalecimento da Associação dos Moradores da Comunidade de Canudos (AMCC), da profissionalização dos moradores no ofício de artesão, instigando-os a buscarem novas alternativas de geração de renda sobre bens produzidos pela própria comunidade, fomentando o reconhecimento dentro do município de Sobral.
CASAQUI, Vander. A construção do papel do empreendedor social: mundos possíveis, discurso e o espírito do capitalismo. Galáxia, n. 29, p. 44-56, 2015.
LIMA, Izabela Souza Teixeira et al. Artesanato da comunidade quilombola Serra das Viúvas, Água Branca-AL (2010-2018): cultura e/ou sustentabilidade? 2018.
ROCHA, Joyce Alves et al. Etnobotânica: um instrumento para valorização e identificação de potenciais de proteção do conhecimento tradicional. Interações (Campo Grande), v. 16, n. 1, p. 67-74, 2015.