Resumo

Da deslocação de perspectiva para que as empresas tenham presente que é impossível tratar separadamente as questões sociais, ambientais e econômicas, têm surgido alguns modelos de gestão ambiental, com destaque para a Produtividade Verde (PV), cuja abordagem tem por base a integração da melhoria da produtividade e a minimização dos impactos ambientais. Dada a importância da mensuração PV, como intrumento de apoio a tomada de decisão, tem surgido alguns modelos, cujas métricas contemplam as três dimensões da sustentabilidade, caso do IPVorg para organizações da indústria de transformação.

Os modelos de avaliação da produtividade considerados “convencionais”, em certos casos, não incorporarem os danos ambientais e sociais típicos dos processos produtivos, pelo que, tem sido procurado modelos de gestão, com abordagens quantitativas e focalizadas na interdependência das dimensões que tratem da sustentabilidade. Assim, definiu-se como problema de pesquisa analisar a possibilidade de mensurar a produtividade verde das organizações da indústria de transformação e como objetivo mensurar o índice de produtividade verde para uma organização pertencente a indústria de calçados.

A produtividade verde é uma estratégia que melhora o desempenho ambiental e a produtividade simultaneamente e por isso tida como um modelo gestão que leva em consideração tanto o desenvolvimento económico como a proteção ambiental (TIANA E LIN, 2017). Para a avaliação do desempenho da PV é crucial a sua medição (HUR, KIM E YAMAMOTO, 2004), pelo que tem sido desenvolvidas algumas métricas, caso do Índice de Produtividade Verde Organizacional, cuja base é a integração das dimensões sociais, econômicas e ambientais que caracterizam as industriais de transformação (FERNANDES, 2016).

O presente trabalho é uma investigação empírica, que quanto ao método é tipificado como um estudo de caso. O lócus operacional é uma empresa da indústria de fabricação de calçados situada Paraíba. Para a quantificação dos impactos utilizou-se indicadores da dimensão ambiental e social, tendo sido atribuído um peso, que varia entre 1(melhor situação); 2 (situação intermediária); e 3 (pior situação), a partir do qual calcula-se o índice ambiental e o índice social. Sequencialmente, na posse dos dados de faturamento, dos diferentes custos e dos impactos é determinado o IPVorg da unidade fabril

Dos dados coletados, calculou-se o IPVorg (0,87), que passa a ser o índice de referência para a comparação da performance da PV da Alfa Calçados. Os índices ambiental (0,74) e social (0,69) por serem valores proximos de 1 são considerados altos, podendo estar relacionados, tanto com a baixa ou nenhuma realização de investimentos nas questões ambientais e sociais que possam reduzir os impactos causados pela empresa, ou, se realizados investimentos estes não são traduzidos nos respectivos custos ambientais e sociais, que são relativamente baixos se comprados com o faturamento e os custos totais.

Dos índices sociais e ambientais calculados, foram produzidos dados que quantificam os impactos negativos causados pela empresa. A nível econômico foi possível obter informações relacionadas ao faturamento e aos diferentes custos, o que contribuiu para uma análise do perfil das despesas da Alfa. O índice PV encontrado, alem de passar a ser um índice de referência, traz informações relevantes sobre o desempenho econômico, ambiental e social da empresa. Entretanto, para uma maior riqueza de informações acerca do índice, uma análise comparativa em relação a períodos análogos seria imprescindível.

FERNANDES, L.J. Modelo de mensuração da produtividade verde: Uma Proposta para Organizações da Indústria de Fabricação de Calçados. 2016. Tese (Doutorado em Recursos Naturais) Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2016. HUR, T., KIM, I., YAMAMOTO, R. Measurement of green productivity and its improvement, Journal of Cleaner Production v. 12, p. 673–683, 2004. TIANA P., LIN B. Promoting green productivity growth for China's industrial exports: Evidence from a hybrid input-output model. Energy Policy, 111 394–40 , 2017.