Resumo

Este estudo analisa o comportamento sustentável do indivíduo, considerando seu comportamento pró-ambiental, vegetariano e ativista. A relação entre esses comportamentos e a possibilidade de encadeamento entre eles foi nominada de Comportamento Sustentável Expandido (CSE), conceito desenvolvido pelos autores, que busca expandir a noção de comportamento sustentável, tornando-o mais complexo. Para compreender os comportamentos, foram consideradas as variáveis sociais (Teoria do Comportamento Planejado - TCP) e as questões psicológicas do indivíduo (valores pessoais).

Apesar do crescente corpo de pesquisas sobre comportamento sustentável, ainda não houve, até onde foi pesquisado, estudos que analisam um conceito similar ao de CSE. Problema de pesquisa: Quais variáveis formam o comportamento pró-ambiental, com base na TCP e nos valores pessoais, e qual a relação desse comportamento com o vegetarianismo e o ativismo para a formação de um Comportamento Sustentável Expandido (CSE)? Objetivo Geral: Investigar a influência dos valores e das variáveis da TCP no comportamento pró-ambiental, e a sua relação com os comportamentos vegetariano e ativista.

O referencial teórico foi dividido em cinco partes: Teoria do Comportamento Planejado (TCP) - Azjen (2005); Armitage e Conner (2001). Teoria de Valores de Schwartz - Schwartz (2012); Tamayo e Schwartz (1993). Comportamento pró-ambiental - Ribeiro e Vegas (2011); Fabrício, Da Veiga e Marchetti (2017). Perfil comportamental de vegetarianos - Dietz et al. (1995); Cooper (2018). Consumidores como ativista - Zorell e Yang (2019); Portilho (2020). Foram elaboradas 10 hipóteses, com base no referencial teórico.

Estudo quantitativo, operacionalizado por um survey, com características descritivas e explicativas. Sujeitos de pesquisa: vegetarianos e suas variações. Coleta dos dados: aplicação de um questionário autoadministrado, por amostragem não probabilística, de corte transversal. Aplicação online, em grupos fechados do Facebook e em abordagens individuais pelo dispositivo de mensagens do aplicativo. Foram submetidos 211 questionários válidos. O instrumento de coleta foi elaborado com base em escalas já validadas.

A análise foi realizada através dos softwares SPSS 23.0 e AMOS 23.0, e se deu de acordo com as seguintes etapas: Análise Estatística Descritiva (AED): variáveis sociodemográficas para caracterização dos respondentes; Análise Fatorial Confirmatória (AFC): análise da adequação do modelo proposto, seguida pela análise de validade convergente, discriminante e pelas medidas de qualidade de ajuste; e Modelagem de Equações Estruturais (MEE): análise das múltiplas relações de dependência, conforme modelo proposto no artigo.

Com base nos resultados, identificou-se uma influência positiva entre os constructos relacionados abaixo, demonstrando um encadeamento entre os diversos comportamentos sustentáveis, além de reforçar um impacto positivo das variáveis da TCP no comportamento pró-ambiental. Influências positivas comprovadas: Valor de Autopromoção na Atitude / Valor de Abertura à Mudança na Atitude/ Atitude no Comportamento Pró-Ambiental / Norma Subjetiva no Comportamento Pró-Ambiental / Controle Comportamental Percebido no Comp. Pró-Ambiental / Comp. Pró-Ambiental no Ativismo / Comp. Vegetariano no Ativismo.

Ajzen, 2005. Attitudes, personality, and behavior / Schwartz, 1992. Universals in the content and structure of values / Ribeiro & Veiga, 2011. Proposição de uma escala de consumo sustentável / Krizanova, Rosenfeld, Tomiyama & Guardiola, 2021. Pro-environmental behavior predicts adherence to plant-based diets / Ploll, Stern, 2020. From diet to behaviour: exploring environmental - and animal conscious behaviour. Monticelli, della Porta, 2019. The Successes of Political Consumerism as A Social Movement. Portilho, 2020. Ativismo alimentar e consumo político.