Resumo

Nas últimas décadas, o comportamento de compra do consumidor de pescados e frutos do mar tem recebido atenção de pesquisadores por razões políticas e econômicas relacionadas a aspectos de nutrição e dieta, segurança alimentar, sustentabilidade e negócios da indústria pesqueira (CARLUCCI et al., 2014). Neste sentido, peixes e frutos do mar são, de forma geral, vistos como parte essencial de uma dieta balanceada e saudável, pois possuem baixo teor de gordura e fornecem proteínas de alta qualidade (YAKTINE, 2007).

Existem fatores que podem influenciar no consumo de peixe (Costa et al., 2013). Detectar quais são os fatores centrais que são levados em consideração pelos indivíduos possibilitaria determinar as conexões entre a frequência do comportamento e as atitudes para compreender a intenção e o consumo de peixes. Assim, coloca-se como pergunta de pesquisa: quais fatores comportamentais influenciam na intenção de inclusão do consumo de peixe na alimentação dos indivíduos? O objetivo do artigo é verificar quais são os fatores influenciadores da intenção de inclusão de consumo de peixe na alimentação.

Sabemos maiores desafios do desenvolvimento sustentável estão relacionados ao crescimento populacional, segurança alimentar e sustentabilidade ambiental. Com a perspectiva de aumento populacional atingindo 9 bi em 2050, causando significativo impacto na produção de alimentos, o consumo de peixe deve ser incentivado, pois tem não só o valor nutricional da proteína, mas também um baixo impacto ambiental (FAO, 2016). Os brasileiros têm grandes chances aumentar o consumo de peixe, já que possuem atitude positiva quanto à intenção de introduzir peixe na alimentação (Mitterer-Daltoé et al., 2013).

Trata-se de pesquisa quantitativa, de caráter exploratório. Quanto à amostra, foi aplicado um questionário utilizando a escala do estudo de Nunes, Dutra & Borges (2020) com 29 itens, obtendo-se um total de 275 respondentes. Para análise dos dados, foram aplicadas técnicas estatísticas de análise multivariada de dados, sendo elas a modelagem por equações estruturais (MEE) e a análise fatorial exploratória (AFE), além de estimação de confiabilidade dos constructos a partir do greatest lower bound (GLB).

A partir dos resultados obtidos, pode-se afirmar que as competências influenciam de forma positiva a intenção. Assim, a disponibilidade de peixe, ter competências para preparo e conhecimento sobre diferentes tipos de peixe influenciam positivamente na intenção de consumi-los. Ainda, a intenção influencia de forma positiva o comportamento para consumo de peixe. Assim, a intenção de comer peixe é uma explicação significativa para o comportamento de consumo. Os resultados desta pesquisam reforçam que o antecedente imediato do comportamento de consumo de peixes é a intenção comportamental.

Foram alcançadas algumas contribuições acadêmicas. Primeiro, foi possível aumentar a compreensão dos determinantes do comportamento de consumo de peixe dos indivíduos. Segundo, foi apresentado um respaldo empírico para os impactos das atitudes, competência e intenção como antecedentes comportamentais da inclusão de consumo de peixe na alimentação. Ainda, as contribuições práticas também podem ser observadas neste estudo, dado que esta pesquisa visou analisar o comportamento do consumidor em relação ao consumo de peixes, relacionando-o com questões ambientais, sociais e de sustentabilidade.

AJZEN, I. The Theory of Planned Behavior. Organizational behavior and human decision processes. 50, 179 - 211. 1991. AJZEN, Icek; FISHBEIN, Martin. A Bayesian analysis of attribution processes. Psychological bulletin, v. 82, n. 2, p. 261, 1975. AJZEN, Icek. Attitudes, personality and behavior. Chicago: Dorsey Press. 1988. _________. Consumer attitudes and behavior: the theory of planned behavior applied to food consumption decisions. Rivistadi Economia Agraria, Anno LXX, n. 2, 2015.