Resumo

Título do Artigo

ENCONTRANDO VALOR NO DESPERDÍCIO: iniciativas de Economia Circular em ONGs no Brasil e Togo para redução de resíduos alimentares
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Tema

Operações sustentáveis e Economia Circular

Autores

Nome
1 - Omar Ouro-Salim
- UFG- RC
2 - Jorge Alfredo Cerqueira Streit
- Programa de Pós Graduação em Administração - PPGA/UnB Responsável pela submissão
3 - Ayawovi Djidjogbe Fanho
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Reumo

Os resíduos de alimentos podem ser reaproveitados por meio de métodos como compostagem, logística reversa e digestão anaeróbica, usando técnicas da Economia Circular (EC) (Silva & Capanema, 2019). O tratamento adequado do desperdício também é crucial para evitar contaminação e degradação ambiental (Silva et al., 2015). Além disso, formuladores de políticas estão interessados em programas de prevenção e redução do desperdício alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), trazendo inclusive vantagens econômicas (Cristobal et al., 2018).
Existem lacunas consideráveis na investigação da Economia Circular (Merli et al., 2018) tanto no contexto africano, como apontado por Nijman-Ross et al. (2023), quanto no cenário brasileiro (Guarnieri et al., 2023). Diante destas lacunas na literatura, é posta a seguinte pergunta de pesquisa: Quais iniciativas de Economia Circular ONGs do Brasil e do Togo têm realizado para a reduzir o volume de resíduos alimentares? Por isso, este estudo visa analisar a aplicação da Economia Circular por ONGs no Brasil (Ecozinha) e Togo (ENPRO) para lidar com o desperdício de alimentos.
A Economia Circular, entendida como uma alternativa ao modelo econômico vigente, busca reduzir a exploração de recursos naturais, aumentar a reutilização de produtos descartados e minimizar a poluição ambiental (EMF, 2013). A colaboração entre upcycling e princípios da Economia Circular no combate ao desperdício alimentar promove sistemas alimentares mais sustentáveis e resilientes (De Oliveira Costa et al., 2022). Essa sinergia não apenas diminui impactos ambientais, mas também melhora segurança alimentar, equidade social e estimula inovação em diversos setores (Dou et al., 2022).
Fazendo uso da estrutura ReSOLVE elaborado e divulgado por EMF (2015), foi possível analisar um modelo de gestão de resíduos alimentares orgânicos em duas ONGs: uma do Brasil e outra do Togo. Primeiramente, os dados foram coletados através de análise documental, disponíveis em seus websites. Em seguida, coletou-se dados a partir de questionários respondidos pelos gestores das ONGS. Quatro gestores responderam completamente os questionários (Google Forms), sendo dois respondentes de cada ONG. A análise documental e dos dados coletados seguiram a metodologia proposta por Bardin (1977).
Ambas as ONGs utilizam abordagens regenerativas, convertendo resíduos em adubos para melhorar o solo e a produção de alimentos. A Ecozinha (Brasil) atua como intermediária na destinação adequada de resíduos, enquanto a ENPRO (Togo) coleta e transforma resíduos orgânicos em produtos agregados. A Ecozinha auxilia estabelecimentos a gerenciar seus resíduos, promovendo a Economia Circular. A ENPRO, por sua vez, valoriza resíduos melhorando o saneamento básico. As duas ONGs analisadas adotam compostagem para fechar o ciclo de materiais, compartilhando compostos com agricultores.
Os resultados indicam percepções semelhantes entre atores de diferentes regiões, podendo ser aplicáveis a outros países em desenvolvimento. Entretanto, o estudo tem limitações. Focado somente em duas ONGs, o estudo carece de uma maior abrangência. Ademais, este estudo é predominantemente baseado em uma única estrutura teórica (ReSOLVE). A fim de evoluir nas investigações para redução de resíduos alimentares, sugere-se que pesquisas futuras avaliem o nível de maturidade e colaboração das relações entre ONGs e estabelecimentos comerciais à luz dos princípios da Economia Circular.
Bardin, L. (1977). L'analyse de contenu. Ed (70), vol. 69. Paris: Presses universitaires de France. Cristóbal, J., Castellani, V., Manfredi, S., & Sala, S. (2018). Prioritizing and optimizing sustainable measures for food waste prevention and management. Waste Management, 72, 3-16. EMF, Ellen MacArthur Foundation. (2015). Growth within: a Circular Economy Vision for a Competitive Europe, London. Merli, R., Preziosi, M., & Acampora, A. (2018). How do scholars approach the circular economy? A systematic literature review. Journal of cleaner production, 178, 703-722.