Reumo
O mundo está vivenciando efeitos físicos oriundos das mudanças climáticas. O efeito estufa é o fenômeno natural que torna o planeta mais quente, responsável pela sobrevivência do homem na Terra, mas a atividade humana (antropogênica) tem aumentado em muito a emissão dos chamados gases de efeito estufa (GEE). Esse aumento é o fator central gerador das mudanças do clima, cujos principais efeitos são o aumento das temperaturas, a elevação do nível dos mares e o aumento da ocorrência de eventos climáticos extremos. Resulta que as mudanças climáticas podem afetar nossa saúde, capacidade de cultivar alimentos, habitação, segurança e trabalho. Os principais responsáveis pelo aumento das emissões de GEE são energia, agropecuária, uso da terra e indústria. A agropecuária figura entre as duas principais fontes de emissões de GEE. A pecuária tem também sido associada a outro fator ofensor do clima, o desmatamento, tanto para disponibilização de terras tanto para criação dos animais como para a monocultura de grãos para alimentação deles. De outro lado, cresce mundialmente o interesse e o número de adeptos por dietas vegetarianas. Do ponto de vista alimentar, o veganismo é o vegetarianismo estrito, que exclui da dieta todos os alimentos de origem animal. Entidades internacionais de nutrição e saúde afirmam que dietas vegetarianas devidamente planejadas são saudáveis e nutricionalmente adequadas. Evidências comprovam benefícios à saúde, como a diminuição do risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis. Este ensaio visa explorar as contribuições do veganismo à agenda das mudanças climáticas. Busca compreender os impactos da alimentação nas mudanças climáticas; apresentar a noção de sistemas alimentares sustentáveis, discutir o veganismo e alimentação à base de plantas; e os principais impactos da criação e uso de animais para alimentação às mudanças climáticas. A justificativa do estudo está na urgência e relevância da busca por ações, em particular a transformação alimentar, que permitam ao Brasil e demais países estarem em conformidade com o Acordo de Paris e com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), aos quais as nações se encontram empenhadas em atender. O futuro da humanidade depende de ações que fomentem a saúde das pessoas e do planeta. Os sistemas alimentares são complexos e atualmente insustentáveis. Não é possível alcançar as metas climáticas sem abordar a produção global de alimentos. Uma transformação urgente é necessária, considerando todos os elementos da cadeia de valor – da produção ao consumo – que proporcionam impacto em escala onde as agendas urgentes do clima, do meio ambiente e dos sistemas alimentares se cruzam. O estudo articulou as contribuições oferecidas pelo veganismo à agenda das mudanças climáticas, trazendo à discussão soluções em sustentabilidade por meio da mudança alimentar. A eliminação ou redução do consumo de itens de origem animal, notadamente a carne bovina, oferece oportunidade de redução significativa de emissão de GEE e deve ser objeto de políticas públicas e ações voltadas para o atendimento às metas estabelecidas no Acordo de Paris e nos ODS. Como contribuições, a disponibilização de informação e discussão favorecem escolhas individuais conscientes e a cobrança por políticas públicas, em relação à criação e ao consumo de animais para alimentação e a dietas plant-based, em direção a sistemas alimentares mais sustentáveis, ao desenvolvimento econômico e à redução da pobreza, além do enfrentamento das mudanças climáticas.